Guia para Entender a Sua Bike: caixa de direção de bicicleta

04 de agosto de 2021

Este texto dá início a uma nova série do blog Pedala: Guia para Entender a Sua Bike. O primeiro item que iremos tratar é um componente fundamental para a sua pedalada, a caixa de direção de bicicleta. Ainda que nem todo mundo dê a devida atenção a ela (e geralmente é apenas quando dá algum problema), ela é parte essencial para o funcionamento da bike.

Saiba mais sobre a importância dela e os tipos existentes, para entender melhor como escolher e investir na sua.

Qual a principal função da caixa de direção de bicicleta?

Basicamente, a caixa de direção de bicicleta é o componente que conecta o garfo ao quadro, sendo responsável pela fluidez da rodagem e movimento do guidão para conduzir a bike. É formada por um conjunto de rolamento ou esferas, copos, pistas e vedações e, por ser um dos componentes que mais leva impacto e estar o tempo inteiro recebendo a pressão do peso do ciclista, merece bastante atenção – mais do que é dada, normalmente.

Principalmente para entender qual delas pode ser compatível com a bicicleta que você tem ou deseja investir no futuro, é muito importante entender como ela surgiu e evoluiu até os dias de hoje.

Quais os tipos de caixa de direção e suas diferenças?

De cerca de 20 a 30 anos pra cá, as caixas de direção foram evoluindo, se modificando e se adaptando a novas tendências, basicamente nas medidas das espigas, formatos e também de acordo com as necessidades dentro de determinada modalidade, algo que é natural dentro do mundo da bike.

São cinco fatores que podem ser observados numa caixa de direção:

  1. Medida interna – que geralmente pode ser Standard (1”), Oversize (1 1/8”) ou Tapered (cônica)
  2. Padrão de encaixe dos copos no quadro – são chamados de IS (integrad), ZS (semi-integrado) e EC (externo)
  3. Padrão de fixação do garfo/suspensão – que pode ser com ou sem rosca
  4. Tipo de rolamento – que pode ser colar de esferas ou rolamento selado
  5. Material dos copos – que pode ser de aço, alumínio e até mesmo titânio ou carbono

Então quando você vai comprar uma caixa de direção, tem que observar os pontos citados na ordem acima.

Standard: caixa de direção “padrão”, encontrado nas bicicletas mais antigas, dos anos 80 ou 90, por exemplo. Foram projetadas para espigas de 1 polegada (25,4mm), inicialmente com fixação por porca e posteriormente surgiu o sistema sem rosca chamado de Aheadset

As caixas standard já podem ser consideradas obsoletas e são encontradas hoje em dia apenas nas bikes muito simples. Ainda que à época tivessem sua funcionalidade, por ser uma área de impacto e esforço constante, não atenderam mais as exigências da evolução do esporte, principalmente no MTB.

Oversized: as caixas de direção oversize para espigas 1 1/8” (28,6mm) surgiram pois se entendia que aquela medida padrão da caixa standard, já não servia mais. Era preciso mais rigidez do conjunto e resistência no garfo e quadro, principalmente em modalidades do mountain bike. Então, por não “aguentar o tranco”, as caixas foram redimensionadas, com medidas maiores e mais robustas, passando a usar rolamentos, esferas soltas ou em colares maiores para garantir mais resistência. Hoje ainda podem ser encontradas nas bikes mais básicas - mas têm seus dias contados e ao longo da série você vai entender o porquê.

Aheadset: com o tempo, mais evolução. E o sistema de fixação eliminou a porca e espiga com rosca, o que trouxe a caixa Aheadset, que utiliza uma espiga lisa. Isso facilitou muito a instalação e manutenção posterior. Isso, por si só, resultou num sistema com menor impacto, por isso o sistema de fixação Aheadset é praticamente o único utilizado hoje em bikes um nível acima das básicas até as mais tops do mercado.

Tapered: no começo dos anos 2000 o mountain bike nas suas modalidades mais extremas como o Freeride começou a ficar cada vez mais “radical” e com isso firam surgindo suspensões “single crown” com mais curso, chegando a 170 ou até 200mm. Foi então necessário, novamente, redimensionar todo o conjunto de espiga/quadro/caixa de direção.

Inventou-se ai a espiga de 1,5”, que com o uso de mais material acarretou num grande acréscimo de peso, além de também ser necessário usar uma mesa(suporte de guidão) específico. Porém, depois após algum tempo de uso, entendeu-se que só era necessário o redimensionamento na base da espiga, assim surgindo o padrão Tapered (cônico em inglês), em que a espiga tem 1 1/8” onde fixa a mesa e 1 ½” na parte inferior.

Tecnologia que veio pra ficar: por que as caixas tapered são tendência e você deve se adequar?

Para ser bem direto, podemos afirmar que as caixas de direção tapered são para as bikes o que foi a tela plana para a TV. Se tivemos um tempo em que outros sistemas ainda atendiam necessidades variadas dentro do ciclismo, hoje é consenso, tendência e realidade: as caixas cônicas são o que há de mais moderno e entregam o que precisamos sem excessos.

As caixas Tapered conseguiram unir a resistência a torção e impactos do padrão totalmente superdimensionado ONEPOINTFIVE (1.5”) e a leveza do padrão oversize, passando a ser usadas não só nas modalidades mais extremas, mas até nas bikes de XC e estrada, suportando a força dos maiores sprintistas

Os principais benefícios que a caixa de direção tapered oferece são:

  • mais precisão nas curvas
  • melhor relação peso x resistência do conjunto
  • maior durabilidade dos rolamentos

E, por ainda ser compatível com a maioria das mesas disponíveis no mercado, foi facilmente aceita como um novo padrão no mercado. Tanto é que a maioria dos fabricantes, seja nos modelos top de linha ou de nível intermediário, nem produzem mais os garfos oversize com espigas retas. Se ainda o fazem, pode acreditar que eles estão com os dias contados.

No próximo texto vamos aprender sobre os padrões de encaixe dos copos da caixa de direção no quadro.