Sapatilha de ciclismo: conheça os 4 principais pontos de atenção na hora de escolher a sua

14 de julho de 2021

Escolher uma sapatilha para ciclismo pode ser um grande desafio, principalmente para quem está começando a pedalar: é um processo que gera muitas dúvidas. Com tantas opções disponíveis, estilos e faixas de preços diversas, como fazer para entender as diferenças e justificar o investimento?

Confira a seguir as principais dicas e entenda o que é preciso analisar para acertar na sua escolha.

Antes de falarmos, de fato, sobre os tipos de sapatilha para ciclismo e as diferenças entre eles, é importante ressaltar este primeiro passo: cada modelo de sapatilha é projetado com um propósito. Assim, para nortear o seu investimento e fazer a melhor escolha, é fundamental que você saiba exatamente o que deseja na sua experiência sobre a bike.

Pretende pedalar na cidade e facilitar o deslocamento? A ideia é se divertir em trilhas de mountain bike, pedalar em grupo e curtir as paisagens? Está planejando praticar ciclismo de estrada, trail, cicloturismo ou até triatlo? Para cada uma dessas modalidades existem sapatilhas específicas. E o nível de rendimento? Você é competidor ou pedala aos fins de semana por diversão? Então, a partir dessa primeira reflexão será possível filtrar qual o perfil de sapatilha pode se encaixar com sua proposta. Depois de definido isso, vamos pensar nos aspectos da construção das sapatilhas. Podemos dividir uma sapatilha em 4 partes e, sabendo o que buscamos, seremos capazes de escolher uma ou outra característica, chegando à tão sonhada sapatilha ideal.

Ponto 1: a sola da sapatilha

Essa parte da sapatilha é determinante para começar a escolha do modelo ideal. A sola do calçado é o que entrará com contato com o piso e com o pedal. É a sola que direciona o tipo de terreno em que cada sapatilha pode ser usada e melhor aproveitada.

Sapatilha Absolute Wild - Speed

As sapatilhas de estrada e triathlon costumam ter o solado liso, muitas vezes com pequenos apliques de borracha ou plástico, pensadas em quem passa a maior parte do tempo sobre a bike, e pisa pouco no chão. Já as sapatilhas urbanas e de MTB são mais versáteis, projetadas com solas mais versáteis e resistentes, muitas vezes com cravos, e permitem caminhar pelo asfalto, terra e pedras com segurança, e sem danificar o equipamento

Sapatilha Absolute Wild - MTB

Com características de solado distintas, os pontos que impactam nos valores de cada modelo, no entanto, são os materiais escolhidos e tecnologias que envolvem a construção.

Sapatilhas de MTB com sola de materiais plásticos são mais acessíveis e bastante duráveis. Em consequência da dureza do material, oferecem menos aderência em pisos lisos ou molhados.

Já as feitas com solas de borracha oferecem mais segurança em terrenos irregulares e pedras, sendo ideais para quem pratica mountain bike em trilhas fechadas, ou para quem costuma pedalar em locais de grande incidência de chuvas. Estas sapatilhas costumam ter um custo mais elevado.

Ponto 2: a entressola, ou a estrutura da sapatilha

A entressola da sapatilha é a parte responsável por dar estrutura ao calçado. De acordo com o material utilizado, torna o calçado mais ou menos rígido, o que define sua capacidade de transmissão de energia da pedalada, mas tem como consequência o conforto.

Assim como na sola, são as tecnologias e materiais usados que diferenciam os modelos de entrada e os de nível mais alto: em sapatilhas mais caras você encontra uma entressola produzida 100% em fibra de carbono; nas mais acessíveis do mercado, materiais plásticos injetados.

Entre estes dois extremos, existem os compósitos, que são misturas de materiais. É muito comum que sapatilhas intermediárias de marcas renomadas usem entressolas de plástico injetado misturado a fibras de vidro ou de carbono, o que confere rigidez elevada sem o custo de uma placa 100% em fibra.

Cada marca se refere a esta informação de uma forma mas, em geral, conforme sobe a faixa de preço das sapatilhas dentro da linha, mais rígida é a entressola. Alguns modelos trazem, inclusíve, níveis de rigidez em cada área da sola da sapatilha, seja para facilitar a caminhada ou elevar o conforto.

Resumidamente, o que é importante saber é: quanto maior o nível de rigidez, maior a transferência de energia, estabilidade e potência. Em compensação, sapatilhas menos rígidas costumam ser mais confortáveis, especialmente para iniciantes, para quem quer se divertir mais sobre a bike e pensa menos em performance, e também para quem costuma pedalar por longas horas.

Ponto 3: o cabedal, a parte de cima da sapatilha

Área que envolve a parte superior do pé, o cabedal é responsável por proteger os pés e mantê-los estáveis sobre a sola e, geralmente, é feito de tecidos sintéticos, malhas ou um mix de materiais. A escolha por um ou outro material, mais nobre ou mais simples, ou tecnologias mais elaboradas, é o que vai diferenciar cada modelo: mais ou menos ventilação, proteção, durabilidade, maciez e conforto.

Sapatilha Giro Cadet - Speed

Em sapatilhas mais básicas, você encontra uma construção mais simples: Recortes menos elaboradas e tecidos mais básicos, como malha ou couro sintético. Além disso, sapatilhas mais básicas costumam ter diversas áreas costuradas, que podem se tornar pontos de pressão após algum tempo de pedal. Elas, entretanto, podem ser perfeitas para o que você precisa.

Agora, as sapatilhas das prateleiras de cima já são mais tecnológicas e a gente já entendeu que isso impacta diretamente no valor final, certo? Estas acabam sendo mais leves, com um design mais moderno, minimalista e são altamente confortáveis. Isso porque contam com mais recursos: geralmente, são confeccionadas sem costuras, o que agrega valor tanto no visual quanto no conforto e durabilidade. Somam-se a isso, materiais de alta tecnologia, entradas ou saídas de ar e avançados tratamentos antibacterianos, que resultam numa alta respirabilidade e higiene aos pés.

Ponto 4: o sistema de ajuste e fechamento

O sistema de ajuste também deve ser considerado e equiparado na hora da escolha da sapatilha, pois impacta na sua experiência em cima da bike. De velcro, botão giratório (roldana), catraca e cadarço, estes sãos principais tipos de fechamento encontrados em sapatilhas para ciclismo. E cada um traz uma característica que pode se adequar melhor ao seu estilo.

Sistema de Ajuste BOA

Em sapatilhas mais básicas, geralmente encontramos um sistema mais simples de velcro, que entrega um bom ajuste ao peito do pé e enorme conforto. Também é possível encontrar a combinação de dois sistemas diferentes, que se complementam em diferentes áreas do pé. Por exemplo, 2 velcros e 1 catraca ou botão giratório já permitem um ajuste mais fino e maior firmeza dos pés para quem busca alto rendimento, embora possam ser menos práticas para ajustar durante o pedal.

Nas sapatilhas que estão no topo de linha de diferentes marcas, o mais comum é encontrar um sistema de botão giratório, como o BOA® e o Atop®, que oferecem um ajuste milimétrico. Tecnologias como estas promovem o máximo de contato entre os pés e o interior da sapatilha, mas sem pontos de pressão que porventura podem impactar no conforto. Além disso, estes sistemas são mais práticos e rápidos de se ajustar, dando maior liberdade para você fazê-lo mesmo em cima da bike.

Dica extra: as sapatilhas mais caras usadas por atletas podem não ser a melhor opção pra você que pedala por lazer

O ciclismo no Brasil possui uma característica bem particular: ciclistas entusiastas, que pedalam por diversão, buscam referências em atletas profissionais para investir em peças e configurações na bicicleta similares, de alto rendimento. E esta é uma grande questão sobre a qual vale se refletir para desconstruir os mitos, impostos muitas vezes pela lógica do mercado.

Muita gente pensa que o produto mais profissional, mais competitivo, é o melhor que se pode encontrar, o que nem sempre é verdade. Ele pode até ser, mas dentro de um contexto, objetivo e necessidade.

No caso das sapatilhas para ciclismo, os modelos top de linha envolvem tecnologia e materiais voltados para a alta performance, e podem ser desconfortáveis para quem não está acostumado, focando na maior rigidez possível, baixo peso e aerodinâmica, por exemplo.

É essa equação que impacta no preço final que chega ao mercado consumidor, mas é importante ponderar: tanta tecnologia e tantos atributos são ideais para o seu perfil?

Ou seja, se você quer usar a bike para se locomover pela cidade ou quer se divertir nas trilhas e curtir a paisagem sem pensar em ser o mais rápido ou mais rápida, o mais adequado pode ser um modelo que promova mais conforto e versatilidade.

Estes quesitos podem ser contemplados, e muito bem, em sapatilhas para ciclismo de valores mais acessíveis, mais básica ou de nível intermediário, que não demandam alto investimento

Já pensou em uma sapatilha “estilo tênis”, por exemplo? Em geral são mais confortáveis e discretas do que as tradicionais para XC, e podem ser uma ótima opção para quem pedala na cidade ou estradas de terra.

Com essas dicas, esperamos que você já possa ponderar e nortear melhor o seu processo de escolha de sapatilha para ciclismo. No próximo texto, você conhecerá melhor as sapatilhas de cada uma das principais modalidades!