Câmbio dianteiro, travas de suspensão e mais: conheça os componentes e peças de bicicleta que se recusam a morrer

31 de março de 2021

Entra ano e sai ano, surgem novas tendências e tecnologias no mundo das bikes. Tá bom, mas a gente já falou disso por aqui. Agora, fato é que, ao mesmo tempo em que surgem novas soluções, existem alguns componentes e peças de bicicleta que simplesmente se recusam a morrer, resistindo e colaborando com a experiência de muita gente – e é bem provável que você tenha pelo menos um deles na sua bike.

Então conheça agora 5 itens que nunca saem de moda.

1- Câmbio dianteiro

A primeira peça de bike que se recusa a morrer é o câmbio dianteiro. E olha que a SRAM já fez até uma campanha, há alguns anos, declarando abertamente o fim do câmbio dianteiro nas bicicletas – eles foram responsáveis pela  “reinvenção” do pedivela single, do uso da coroa única nas moutain bikes.

Acontece que esse tipo de sistema, de pedivela single, ainda é muito mais visto no perfil high end, ou seja, nas bikes mais top de linha mesmo. Muito pelo fato do grande público que anda de mountain bike no Brasil não ter tanto acesso a equipamentos desse naipe – a realidade da acessibilidade com relação ao poder de compra do ciclista brasileiro é bem distinta se comparada com a de outros países.

Também é importante ressaltar que uma bike com pedivela single pode, sim, trazer inúmeras vantagens. Mas essa configuração ainda não oferece a mesma amplitude de marchas para o ciclista “comum” ou iniciante, que pedala uma bike com 2 ou 3 coroas, por exemplo. Ou seja, existe uma limitação no range com a coroa única.

Esse contexto reflete na popularização de componentes e peças de bicicleta. Por isso o câmbio dianteiro vem resistindo ao longo dos anos. Ainda é muito comum, e vai continuar sendo, encontrarmos bikes de entrada ou até mesmo intermediárias equipadas com 2 ou 3 coroas, pode anotar.

2- Sistema de cabeamento interno

Uma solução que está aí há mais de 20 anos, mas que muitas vezes se mostrou um problema e quase foi extinta. O cabeamento de rota interna tem uma história curiosa e por muito tempo era uma ideia ótima e inovadora, ainda mais pela estética, mas de execução complexa.

Por que? Existia a dificuldade de se passar os cabos e conduítes dentro do quadro de forma assertiva. Ou seja, era preciso um projeto muito – mas muito – bem feito para que não se tornasse um problema.

Por essa complexidade, o sistema de cabeamento interno foi perdendo força e quase foi extinto, com diversas marcas deixando de lado... Quando num certo momento ressurgiu, voltou à moda e tornou-se popular novamente. Mas é claro que isso também tem uma explicação.

Se antes era um pouco mais difícil esse processo, hoje é tudo diferente. E isso tem a ver com a evolução da indústria do ciclismo. A oferta de novos e melhores materiais, novas geometrias, além da facilidade de fazer a sangria no freio a disco, por exemplo: tudo isso fez ressuscitar e redemocratizar essa tecnologia, ficando mais forte do que nunca!

Inclusive, ela se tornou uma solução acessível até em bikes de entrada, como nos quadros Absolute Wild.

3- Alavancas de câmbio rotativas

Estas peças de bicicleta já foram largamente usadas, no passado, por um grupo de atletas profissionais, tops de linha, que defendia como sendo componentes melhores e mais leves. E com o tempo, as alavancas de câmbio rotativas foram se popularizando também em outros nichos dentro do mountain bike, como de costume – primeiro no âmbito profissional e depois para o perfil de ciclista recreativo, de entrada.

Esse movimento é normal e tem a ver, claro, com as necessidades dos ciclistas e perfis de utilização. O que antes era um mecanismo caro, usado em competições, a partir da demanda foi se tornando mais acessível e simples de fazer.

Além de ser um componente mais barato, hoje é muito mais fácil de operar, e por isso é muito normal vermos as bikes de entrada equipadas com elas. Então, para um ciclista iniciante que nunca teve contato com bike com marcha, as alavancas de câmbio rotativas podem ajudar bastante, justamente pela praticidade que oferecem.

4- Travas de suspensão

Outro item que foi se popularizando e dificilmente vai ser extinto, as travas de suspensão já não são mais exclusividade nas suspensões de bikes de altíssimo nível. Hoje elas são comumente encontradas em bikes de mountain bike mais básicas, de entrada ou intermediárias – aquela primeira bike de trilha.

A trava de suspensão continua oferecendo bastante benefícios, muito por conta do perfil do ciclista brasileiro, de pedalar em estradas de terra batida. É um sistema que faz as vezes da suspensões mais avançadas, que tem sistemas de regulagens de compressão e pré carga mais complexos e eliminam a necessidade de travar, pois só funcionam quando recebem impactos.

Ela ajuda bastante o ciclista, promovendo mais estabilidade na experiência. Quem  quer encarar uma subida pedalando de pé u andar mais rápido numa reta, por exemplo, pode acionar a trava, que compensa a simplicidade do sistema de amortecimento do garfo de entrada.

5- Bar end

Outra peça que foi muito utilizada por atletas profissionais mais extremos, que caiu em desuso, mas que continua viva. O bar end é aquela extensão do guidão, uma barra acoplada no final dele que serve para dar maior variedade de movimentação e posições para o ciclista.

Com a chegada dos guidões para bike mais largos, tendência que virou realidade, o bar end perdeu espaço, principalmente no nicho profissional, de performance. Até porque, para esse perfil de ciclista, qualquer peso a menos é um diferencial.

Quem, então, começou a se beneficiar com essa peça de bicicleta? Sim, o ciclista “de passeio”: cicloturistas, pessoas que pedalam mais devagar e fazem um uso da bike mais recreativo, curtem um MTB bem leve e não pegam trilhas tão radicais.

O bar end, nessas condições de uso, tem sua função: com ele é possível tirar as mãos dos comandos de freios ou alavancas, uma vez que está num percurso estável e em baixa velocidade, sem necessidade de trocar de marcha. Além disso com, com ele você tem uma posição mais confortável em cima da bike. Por isso ele vai perdurar ainda por muitos anos, pela demanda desse perfil de ciclistas.

Esse vaivém é muito comum no ciclismo. Muitas vezes, um componente ou peça de bicicleta precisa de aprimoramentos e, além disso, sua popularização está ligada as necessidades de determinados perfis de ciclistas. Para uns dá certo, para outros, não. E, no final, o que importa mesmo é a diversão e os benefícios que cada um deles pode levar à sua experiência.

E, então, curtiu? Já teve ou tem alguma dessas peças em sua bike?