Geometria da bicicleta: o que é e como entender um pouco dela pode ser útil pra você

10 de fevereiro de 2021

Quem está procurando por uma bike nova, ou mesmo quem quer comprar a primeira bike, já percebeu que modelos e estilos diferentes não faltam nas lojas de todo o Brasil. Mas além do visual e do tamanho das rodas, outra característica é importantíssima: a geometria da bicicleta faz toda a diferença para que ela atenda o seu objetivo, seja ele conforto ou performance.

Antes de tudo, é importante deixar claro que este é um assunto bastante complexo e que este texto não pretende ser um tratado sobre o assunto. A ideia é dar uma breve introdução sobre o tema, para que você entenda o que é a geometria da bicicleta e como ela influencia no seu prazer e no seu desempenho em cima da bike. Vamos lá?

1 – afinal, o que é a geometria

Diferentemente do que muita gente diz, a geometria de uma bicicleta não é o desenho da bike nem o tamanho das rodas. Diversas pessoas falam sem ter conhecimento e, por isso, acabam confundindo ainda mais quem quer entender.

De uma maneira simples, geometria é o conjunto de medidas e ângulos formados pelos tubos de uma bicicleta. Ou seja: ela afeta diretamente o comportamento da bike durante a pedalada, além de influenciar no posicionamento do ciclista sobre ela e, consequentemente, no conforto.

Independentemente do que você procura enquanto pedala, é importantíssimo que sinta prazer durante a prática e, nisso, poucas coisas influenciam tanto quanto a geometria da bicicleta.

A tecnologia tem afetado diretamente diversos aspectos da bicicleta. Nos últimos anos, os profissionais de engenharia das grandes empresas do ramo têm estudado muito sobre a geometria – e, em consequência, ela é um dos principais pontos de evolução no esporte.

2 – o que é o tamanho da bicicleta?

Se você entrou no mundo da bike agora, talvez pense que “aro 26” ou “aro 29” seja o tamanho da bicicleta, mas na realidade este é apenas o tamanho das rodas.

O que acontece é que dependendo da sua altura e comprimento das pernas e braços, você precisará de um quadro de tamanho menor ou maior.

Por isso, na hora de escolher o seu próximo modelo, a geometria é fundamental para ter uma bike que entregue a dirigibilidade e conforto que você procura. Cada marca de bicicletas tem a própria forma de definir tamanhos; Em geral, o tamanho é definido por um número em polegadas ou uma letra, que representa uma palavra em inglês:

  • 15” ou S, de Small (pequeno em inglês)
  • 17” ou M, de Medium (médio em inglês)
  • 19” ou L, de Large (grande em ingês)
  • 21” ou XL, de Extra Large (extra grande em inglês)

3 - mas o que são estas medidas?

Estes números simbolizam o comprimento total do seat tube, ou tubo do selim, que nada mais é do que aquele tubo que vai do movimento central, ou eixo do pedivela, até o canote do selim.

Mas a geometria não para por ai.

Apesar de, em geral, todas as outras medidas de um quadro serem, de certa forma, proporcionais a esta medida, cada marca ou modelo apresenta variações que podem ser mais interessantes para uma ou outra aplicação.

4 – quais são as medidas e ângulos que fazem a geometria da bicicleta?

São diversas as medidas e ângulos que formam a tal geometria da bike. Os principais são estes que estão na imagem abaixo:

De uma forma simplificada, pode-se escolher uma bike baseando-se apenas na medida do tubo do selim, mas se você busca o melhor conforto e rendimento, vale observar outros detalhes.

Dentre todas estas características, quatro são as mais importantes na hora de escolher a sua magrela:

- o comprimento do tubo superior (top tube): talvez seja a forma mais eficiente de comparar bicicletas de marcas distintas. A medição se dá do centro da caixa de direção ao centro do canote de selim, em uma linha horizontal. Em resumo, é esta medida que vai definir se você ficará mais esticado ou ereto sobre a bike.

- o ângulo de caixa de direção: medido entre o solo e uma linha imaginária que vai da direção da bike até o chão, é fundamental para entender o nível de agilidade da bicicleta. Ângulos maiores (próximos de 71º) deixam a bike mais ágil, ideal para terrenos mais planos e sem muitos obstáculos, com as ruas. Ângulos menores (próximos de 68º) garantem uma bike mais estável e são melhores para passar por obstáculos e descidas íngremes.

- o ângulo do tubo de selim (seat tube): é comum ver ângulos na casa dos 73 ou 74 graus, mas a indústria está caminhando para números acima dos 76º em bikes desenvolvidas para uso mais agressivo. Em resumo, números maiores te colocam sentado mais pra frente, mais próximo do guidão, o que pode ser uma vantagem nas subidas. Para pedais mais longos, este tipo de posição pode ser desconfortável e menos eficiente, portanto é importante saber bem o que se espera da bicicleta.

- o comprimento da rabeira (chainstay): por padrão, rabeiras mais curtas tornarão a bike mais ágil. Mas é importante entender que se forem muito curtas podem fazer a bike empinar com facilidade, especialmente em subidas duras. As rabeiras mais longas trazem mais estabilidade e conforto.

5 – dicas para escolher as características de acordo com o que você quer

Como já dissemos neste texto, a geometria da bicicleta é algo complexo e que demanda conhecimento e tempo para entender todos os detalhes. Mas mesmo sem ser um especialista, algumas dicas podem auxiliar você a encontrar a bike mais parecida com o que você procura – e fazer com que você tenha uma ótima experiência ao pedalar.

Se você procura conforto: opte por bicicletas com a frente mais alta. Normalmente, bicicletas com o head tube mais baixo tornam a postura em cima da bike mais agressiva, ideal para quem procura performance. Procure também quadros com as rabeiras maiores, que tornarão a bike mais estável.

Se você procura uma mountain bike para performance: procure por quadros mais longos e com mesas mais curtas, com angulação da caixa de direção abaixo dos 70 graus. Busque por bicicletas com a frente mais baixa e a rabeira curta.   

Independentemente do que você procura, após estudar as geometrias, que as marcas costumam compartilhar em seus sites e catálogos, nada melhor do que experimentar a bicicleta antes de comprar.

Para ter certeza de que a sua escolha na tela é realmente a melhor escolha na prática, procure uma boa bike shop e experimente os modelos que você gostou.

É importante lembrar que pequenos ajustes são possíveis com a troca de alguns componentes, como guidão, mesa e canote de selim. Esperamos que tenha curtido as informações que trouxemos. Procuramos trazer um conteúdo técnico, mas que seja acessível a quem quer aprender mais sobre os conceitos por trás da bicicleta – que tenha sido útil pra você!