Mobilidade urbana: como a bicicleta pode conquistar as cidades pós-coronavírus?
01 de junho de 2020
Como se já não fosse, antes, uma excelente alternativa, sustentável, econômica e saudável à mobilidade urbana, a bicicleta tem tudo para ser uma tendência ainda maior e conquistar as ruas das cidades, no Brasil e no mundo pós-pandemia. Este é um movimento que já pode ser observado em alguns países, com medidas que colocam a bike como protagonista no deslocamento das pessoas. Entenda o porquê nesse texto e prepare sua magrela.
Além de ser uma válvula capaz de aliviar o estresse causado pelo confinamento a que estamos submetidos – é uma atividade ao ar livre, saudável, logo, proporciona um relaxamento natural no corpo e mente, o ato de pedalar vai trazer uma segurança ainda maior. Pelo simples fato de que não gera aglomerações e colabora com o distanciamento maior entre as pessoas nas ruas, ainda a principal medida de prevenção contra o Covid-19. Inclusive, para quem realmente precisa se deslocar em meio à pandemia, a bike já é a melhor alternativa.
Diferente do transporte público, como o metrô e ônibus, que já eram superlotados, a tendência é que essa demanda se reduza, muito pela possibilidade de contágio num local fechado, ao contrário da adesão à bike. Ou seja, pedalar pode ser uma solução para a prevenção, além de todos os outros benefícios que traz a saúde, naturalmente.
Bike como protagonista nos deslocamentos urbanos
Diversas cidades e países do mundo já estão adotando medidas para transformar a bicicleta como protagonista da mobilidade urbana, com incentivos financeiros aos ciclistas e reformulações nos modais de transporte. E, sabemos, isso demanda também uma infraestrutura e planejamento eficientes.
Grande parte dos países europeus já relaxaram as medidas mais restritivas após o pico do contágio e a grande adesão ao isolamento por parte da população. Por esse motivo, o primeiro-ministro da Inglaterra Boris Johnson afirma que "essa deve ser uma nova era de ouro para o ciclismo”.
Alguns deles estão, por exemplo, limitando o uso de transporte coletivo para tentar minimizar ainda mais as possibilidades de contágio. O Metrô de Madri, na Espanha, determinou que haverá uma redução na oferta desse transporte, atendendo apenas a 30% da demanda pré-pandemia após a quarentena.
Na Alemanha, algumas cidades estão criando ciclovias provisórias durante os bloqueios na pandemia, uma forma de dar mais espaço aos ciclistas que usam a bicicleta no deslocamento urbano.
Na América do Sul, a capital da Colômbia, Bogotá, foi uma das primeiras a adotar a ampliação da já extensa malha cicloviária local. Saltou de 600km para mais de 700km. Por lá, 85% das pessoas utilizam a bicicleta, ônibus ou preferem se deslocar a pé.
Aqui no Brasil, a cidade de Recife já está trabalhando na ampliação das rotas cicloviárias ainda durante a crise do coronavírus. Segundo a CTTU, a gestão atual aproveita a fase de isolamento social para executar as obras e garantir uma opção de transporte sanitariamente segura e sustentável pós-pandemia.
Mas ainda temos grandes desafios e necessidade de maiores políticas públicas e de incentivo ao uso da bike no dia a dia. Até porque, de acordo com uma pesquisa de Origem e Destino do Metrô de São Paulo, para se ter uma ideia, apenas cerca de 30% da população utiliza o transporte individual motorizado para seus deslocamentos, enquanto outros 34% utilizam o transporte público. Ainda tem os 31% que fazem os deslocamentos a pé, o que representa uma grande oportunidade para a bicicleta ser o modelo de mobilidade ideal.
A bicicleta pode, sim, se estabelecer como o principal modal de transporte, no Brasil e no mundo. E, quanto mais adesão à essa tendência, melhor para todos: o mercado e a economia se aquecem, com incentivos, os ciclistas começam a encontrar mais e mais opções de qualidade, e de quebra, podemos manter o distanciamento social e prevenção em dia.
Vamos pedalar?