Suspensão de bicicleta: como e por que evoluiu para chegar ao que é hoje

26 de abril de 2021

Não é só em computadores e smartphones que a tecnologia evolui: no universo do mountain bike essa é uma realidade. Se hoje é comum uma suspensão de bicicleta com 120mm de curso e hastes de 34mm, a situação era muito diferente há pouco tempo. Cerca de 25 anos atrás o comum era encontrar mountain bikes com suspensões de 50mm, por exemplo.

O que mudou neste tempo?

Hoje, a suspensão de bicicleta segue uma tendência mundial, como já falamos em outros textos:

 - este sobre a evolução da geometria das bicicletas

- e este sobre os guidões mais largos

Garfos cada vez mais fortes, mais robustos, com mais curso são realidade em todo o mundo para todas as modalidades do mountain bike. Isso porque suspensões maiores permitem que você passe por obstáculos nas trilhas, estradões, bike parks e terrenos desafiadores com muito mais segurança: garantia de diversão para relaxar a cabeça, curtir o rolê e se exercitar ao mesmo tempo.

Mesmo suspensões para o Cross-Crountry vem evoluindo neste sentido e absorvendo características dos modelos mais voltados para o trail riding, permitindo que a sua mountain bike esteja pronta para oferecer o melhor em termos de diversão, rendimento e desenvolvimento da sua técnica de pilotagem.

A evolução da suspensão de bicicleta

Antes de tudo é importante dizer que este texto não vai entrar em detalhes técnicos sobre funcionamento da suspensão. Tópicos como sistemas de amortecimento, por exemplo, serão tratados em outro material: aqui, a ideia é falar da evolução física deste componente. 

Como falamos no comecinho do texto, as suspensões dianteiras eram muito diferentes há alguns anos. Até meados dos anos 90, elas tinham, por padrão, curso próximo de 50mm (para quem não sabe, o curso da suspensão é tanto que ela se comprime quando sobre um impacto). Além disso, os garfos de suspensão possuíam hastes (também chamadas de canelas) mais finas, com 28mm de diâmetro ou até menos.

Os sistemas de amortecimento eram muito simples e o nível de controle era baixíssimo, então as principais preocupações de engenheiros era que os amortecedores fossem leves e oferecessem resistência suficiente para o uso que se fazia naquela época.

Aos poucos, a tecnologia foi evoluindo e, com novos sistemas de amortecimento e tecnologias hidráulicas os cursos começaram a passar de 50 para 63mm e depois 80mm.

Nesta época, um garfo com 100mm de curso era considerado um equipamento de longo curso, voltado para modalidades mais extremas como o Downhill.

Com mais curso, mountain bikers passaram a andar mais rápido e passar por obstáculos maiores, e algo precisou ser feito em relação à resistência e rigidez deste equipamento. A estrutura das suspensões cresceu e as hastes chegaram a 30 e depois 32mm de diâmetro.

Neste momento, as suspensões já eram produzidas pensando em modalidades específicas de mountain bike e, no inicio dos anos 2000, diversos atletas da elite do Cross Country começaram a utilizar suspensões com 100mm de curso, o que é quase padrão até hoje nas bikes de competição. Hastes com mais de 32mm começaram a surgir em garfos para Downhill e Freeride e, posteriormente no surgimento das Trail bikes.

Como é hoje

Suspensões como as citadas acima, com 100mm e canelas de 32mm ainda são muito comuns, e estão presentes em mountain bikes intermediárias até as top de linha para competições de XC. Mas a tecnologia não para de evoluir, permitindo suspensões de bicicleta se tornem mais seguras, com mais curso e, ainda assim, leves, algo que a maioria dos ciclistas tem como premissa.

Atualmente, não é difícil de encontrar nas trilhas mountain bikers usando bikes com 120, 130 ou até 150mm de curso nas duas rodas, e garfos com canelas de 34 ,35 e até 36mm de diâmetro. O que no passado era exclusividade das modalidades mais extremas, agora oferece para o mountain biker “comum”, um equipamento que te permite ir mais rápido, mais longe e com mais segurança, sinônimos de diversão em cima da bike. Para aqueles que não pedalam para competir nas pistas de XC, a tendência mundial (ou podemos falar realidade?) já são mountain bikes com um pouco mais de curso.

Novos produtos já chegaram ao mercado brasileiro com esta configuração, como é o caso da nova suspensão Absolute Prime EX, com canelas de 34mm e 120mm de curso.

É um ciclo: o esporte evolui, os equipamentos evoluem e vice-versa. O resultado neste caso é uma suspensão de bicicleta com mais curso, funcionando melhor, aguentando o tranco nas trilhas e com um peso semelhante a uma suspensão de 100mm de curso e canelas de 32mm de alguns anos atrás. 

Aliás, aproveite e avise seu amigo ou amiga fanático por baixo peso de que, se vocês não forem profissionais, o mais importante em uma trilha é se divertir J

O conceito de down country

Mais do que uma tendência, a ideia de trazer diversão para quem pedala é uma realidade mundial. A maioria das pessoas que pratica o mountain bike não é profissional, mas quer se divertir subindo e descendo montanhas, saltando e pedalando do jeito que se sentir melhor. Foi daí que nasceu o conceito de down country, muito utilizado em alguns dos principais sites de ciclismo do mundo.

Mas o que seria isso, além da óbvia combinação de cross country com downhill. Em poucas palavras, é uma bicicleta voltada para o cross country, mas com um toque a mais de capacidade técnica, para garantir mais controle, conforto e segurança em trechos mais técnicos das trilhas. Em resumo: uma bike com mais “divertibilidade”, digamos assim.

E o conceito de suspensões mais robustas, com mais curso e canelas mais grossas, está totalmente vinculado ao down country. Algumas bicicletas lançadas recentemente, como a Oggi Cattura T20 e a Specialized Epic Evo, são voltadas para o cross country, mas já possuem algumas configurações que favorecem descidas um pouco mais fortes e que permitem pedalar em partes técnicas com mais controle e conforto.

A Cattura, por exexemplo, vêm de fábrica com uma suspensão com 120mm e canelas de 34mm – ideal para esse tipo de pedal.

Se você quiser um pouco mais de diversão no seu mountain bike, não precisa trocar de bicicleta agora. Mas pode ser uma boa considerar um upgrade, com uma suspensão mais robusta e que aguente os trancos que você está querendo dar enquanto pedala.

Mais do que uma tendência, a evolução da tecnologia e do esporte têm permitido que você possa pedalar com mais controle, segurança e diversão.